sábado, 24 de agosto de 2013

O EDUCADOR DOS SERTÕES

Fonte: obra de Deusdedit Leitão, O EDUCADOR DOS SERTÕES


Ana Francisca de Albuquerque, a mulher de Vital de Sousa Rolim, ficou lembrada carinhosamente, pelo povo de sua terra pelo vocativo de Mãe Aninha. O Padre Heliodoro Pires dedicou a essa suave e terna figura da história cajazeirense páginas que deixam transparecer o seu entusiasmo pelo trabalhar que ela desenvolveu com mãe exemplar, amiga dos pobres e desvelada protetora de todos que recorria à sua dedicação.
Com a morte do marido assumiu os encargos de direção da família, orientando e dirigindo a numerosa descendência. Impôs, pela bondade e pela dedicação, uma espécie de matriarcado que a colocava no centro de todas as decisões tomadas em Cajazeiras pelos seus filhos, netos e parentes, foi também a mãe dedicada e carinhosa de todos a quem viu nascer na edificante prática do seu mister de parteira, que lhe deu, para ao culto da posteridade, o carinho vocativo de Mãe Aninha.
Foi a beleza desta tradição, desses admiráveis exemplos de dedicação e bondade, que levaram o Padre Heliodoro Pires a traçar-lhe o perfil de matrona sertaneja, exaltada na projeção de suas virtudes:
“Mãe Aninha! Era este o vocativo suave com o povo a conhecia. Ana Francisca de Albuquerque domina pela bondade e generosidade d’alma.
É com este apelido tão expressivo e tão delicado que a mãe do Padre Rolim entra fulgurantemente na História Nacional.
Teve sempre a viva preocupação dos pobres. Quando saía para passear pelas veredas da fazenda primitiva, levava sempre um pouco de algodão para ir fiando. Vendia depois os novelos que fazia nesses passeios, a fim de aplicar o dinheiro aos pobres.
O cajazeirense devem ter um culto de veneração a esta mulher. Foi ela quem fez a igreja que é hoje a catedral de Cajazeiras. Adivinho o futuro desta terra. Era uma senhora sem orgulho. Apesar de rica, dona de escravos e senhora do lugar, prestava a todos indistintamente os seus serviços de obstetrícia. Não perguntava se era rico ou pobre, branco ou escravo que a chamava.
Tudo que uma mulher pode ter de virtude, de piedade, de espírito de sacrifício, de dedicação maternal, de energia, de elevação e de beleza moral teve-o Ana de Albuquerque.
A família Albuquerque é fértil nestes tipos de fidalguia moral e distinção. O culto à filha de Luís de Albuquerque não morrerá mais, nunca mais nos sertões brasileiros.
Mãe Aninha é uma figura meiga, suave, iluminada de bondade e piedade infinita”.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cajazeiras 150 anos de História, contada por esses monumentos

A nossa História contada um pouco através de nossos bustos e monumentos que lembram pessoas e fatos históricos importantes de nossa Historia. Lembro quando o nosso artista plástico João Braz pintou esses bustos e a cidade ao acordar ficou horrorizada com tamanha barbárie, pois o mesmo pintou os bustos com cores vivas, ao ser indagado sobre o fato ele lembrou que os mesmos sempre estiveram abandonados e os pintou como forma de protesto para que fossem preservados e vistos pela população, cito o fato concordando com o artista João Braz. Cajazeiras completara 150 anos e muito desta historia é contada por esses monumentos, parabéns Cajazeiras.
Texto e fotos de José Cavalcante

Minha Linda Cajazeiras!, por Sales Fernandes

Por Sales Fernandes
       Neste dia 22 de Agosto de 2013, celebramos mais um ano de existência da minha terra querida a cidade de Cajazeiras-PB, são 150 anos de lutas conquistas e vitórias.

Na verdade, no dia 22 de agosto não comemoramos a sua emancipação política, mas o dia do aniversário de nascimento do nosso fundador o Padre e Mestre Inácio de Souza Rolim. A emancipação política é no dia 23 de Novembro. Independente da troca de datas, o que representa nossa cidade no cenário, nacional e estadual é o que importa para todos nós seus filhos que a amam de coração.

       Alguns nos criticam por nos orgulharmos de alguém haver nos rotulados da Cidade que ensinou a Paraíba a ler. Não sabem que o Padre Rolim, o Anchieta dos sertões formou gerações e plantou uma semente que germina até os dias atuais que foi o saber. Hoje somos uma cidade em que o nosso maior Patrimônio Histórico é a Educação. Temos 05 Instituições de Ensino Superior, com mais de 20 cursos em todas as áreas. Na comunicação e na cultura exportamos talentos.



É esta hospitaleira cidade que chega ao seu Sesquicentenário, com uma marca indelével que não existe em nenhum outro lugar no mundo: a Cajazeirabilidade, ou seja; algo que a gente de alma e espírito enche o peito ao proclamar: Minha terra natal é Cajazeiras! Do seu filho mais humilde, mais que lhe tem como xodó.


150 anos de história, por Lena Guimarães

Por Lena Guimarães
Permitam-me deixar a política de lado, para homenagear a “cidade que ensinou a Paraíba a ler”, titulo conquistado por conta do trabalho de seu mais ilustre filho, o Padre Rolim, fundador de primeira escola dos sertões, cuja qualidade atraia alunos de todo o Nordeste. Minha Cajazeiras completa hoje 150 anos.
Sou da terra que tem orgulho da sua vocação para a educação. Nasci na rua Padre Rolim, 7, uma casa com paredes de mais de meio metro de largura, construída pelos descendentes da matriarca ‘Mãe Aninha’, para enfrentar qualquer tipo de agressor, e que resistiu aos cercos e as balas de Lampião.
Uma casa de muitas histórias, algumas de muita bravura, outras que expressavam o espírito generoso e altivo do sertanejo, que meu avô, Leonardo Rolim de Albuquerque contava com muito orgulho dos seus ancestrais. Um lar cristão, que hospedava anualmente Frei Damião durante suas célebres missões, para alegria de minha avó, Júlia, que ‘bebia’ seus ensinamentos. Um refúgio, em cuja ampla mesa sempre cabia mais um. E ninguém precisava de convite para sentar e compartilhar.
Fisicamente estou em João Pessoa, mas hoje a memória transporta-me a Cajazeiras do rio do Peixe, do açude grande, da barragem de Engenheiro Ávidos, do Cristo Redentor (tão significativo quanto o do Rio), da catedral imponente, da bela igreja de Nossa Senhora de Fátima. A cidade dos grandes carnavais, dos memoráveis festejos de São João, das quermesses e procissões que testemunham a importância da fé, do teatro Íracles Pires e da efervescência cultural.
Terra de fortes opiniões, formadora de grandes profissionais da comunicação, especialmente do rádio e da televisão, muitos dos quais mudaram para João Pessoa trazendo o estilo ágil e ousado para enriquecer seu jornalismo.
Cajazeiras que já governou a Paraíba com Ivan Bichara Sobreira e que elegeu o corajoso deputado João Bosco Braga Barreto, que enfrentou a ditadura militar e seus apoiadores com discursos contundentes, destemidos e verdadeiros, que estão nos anais da Assembleia.

No ciclo do algodão, Cajazeiras foi muito próspera, mas o bicudo destruiu tudo. A agricultura irrigada é um sonho, a educação projeta seu futuro, mas é o seu povo, indomável e criativo, sua grande riqueza. Os 150 de história provam isso. E dão um orgulho danado.

Eu curto Cajazeiras, por Antonio Malvino Neto

Por Antonio Malvino Neto
 Frontão da NPR, nos anos 60
Eu curto Caja- zeiras porque foi a cidade que me abriu espaços para a ati- vidade radiofônica. Devo a esta hospitaleira terra tudo que aprendi na profissão, inclusive as lições de ética, imparcialidade e isenção que carrego até hoje no trato da noticia.

Curto Cajazeiras porque lá fiz grandes amizades, lá me casei e seu povo me deu uma acolhida acima de qualquer expectativa. Curto Cajazeiras porque sempre foi uma cidade desenvolvi- mentista, a primeira a ter uma emissora de rádio, que foi a minha escola, e pelos avanços extraordinários conseguidos nos campos da cultura e dos eventos, além dos grandes homens públicos que produziu.

Quanta saudade dá ao relembrar das memoráveis Semanas Universitárias, das festas do Tênis, Primeiro de Maio e Jovem Clube, da turma de João de Manoelzinho da Camilo de Holanda, dos Sete Candeeiros e das Mangueiras de Lilia!. Sinto orgulho de ser filho adotivo de Cajazeiras, essa terra que ensinou a Paraíba a ler e pioneira na comunicação radiofônica no sertão paraibano. Parabéns Cajazeiras pelos 150 anos de emancipação. Você faz parte de minha vida!

Um vínculo inquebrantável. Possuo uma ligação intrínseca com Cajazeiras. A cidade em que nasci, onde vivi a infância e a adolescência, está cravada em minha alma, está indelevelmente fincada em meu coração, embora eu haja me distanciado tanto das suas ruas, da sua vida interiorana, da sua gente calorosa e afável.

As minhas raízes estão lá: no Carmelo, na Rua Doutor Coelho, na Rua Vicente Bezerra, no Colégio Estadual Professor Crispim Coelho... São lembranças, cuidadosamente guardadas em minha memória.

Por vezes, certamente induzidos pela saudade, os sonhos povoam o meu sono e me reconduzem àquele tempo: os amigos (tantos e tão especiais!), os banhos de chuva, as conversas na calçada, as brincadeiras na rua, as aulas gazeadas, os namoros escondidos, os sabores e odores da comidinha da minha mãe, o meu pai, sempre tão austero..

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A CIDADE OUTRORA CENTENÁRIA!

Há cinquenta atrás, Cajazeiras, aliás, todo o sertão, ainda não conhecia o pára-quedismo e naquela época ainda não existia a televisão que hoje estraga toda as novidades, tudo se vê na telinha com todas as cores. Imaginem o rebuliço quando foi anunciado que dentro da Festa do Centenário da cidade do Padre Rolim, no aeroporto Antonio Tomás, haveria um show dos homens que pulam do céu. Como? E chega vivo no chão? E se cair em cima de um lajeiro? Ou num juremal?
Foi um sucesso total! Os exibidores capricharam poucos foram os que não caíram, como previsto, no local no meio da pista do campo de aviação Antonio Tomás como uma das exceções que se estrepou numa jurema próxima.
Mas o trágico foi um filho do então vereador Antonio Ferreira que à guisa de imitar os novos heróis do imaginário popular que, com grande dose de criatividade, resolveu pular com um guarda-chuva do telhado da sua casa. Resultado: as duas pernas quebradas!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Dr. João Izidro que tenho na memória!


Dr. João Izidro tenho boas lembranças, papai sempre nos levava, eu e o Carlos Antonio, a qualquer sintoma de patologia, destas recorrentes às crianças.
Ele morava na Rua dos Ricos, vizinho à casa do finado Orcino Guedes. Um casarão de dois pisos, uma casa muito linda e elegante. Muro baixo com um gradilho alto e um portão lateral à esquerda que se abria para um lindo jardim.
Para entrar na casa, com belos arcos na sua fachada, onde funcionava o seu consultório, tínhamos que acessar uma escadaria bastante alta, acho que de uns dez degraus, que dava para uma área que fazia o papel da sala de espera. Para acessar o consultório havia um portão com as suas iniciais J. I., neste éramos recebidos pelo Dr. João Izidro todo de branco, cabeleira cheia penteada para trás, barrigudo, óculos de grau, talvez não me lembre mais dele pelo medo que eu tinha do doutor como qualquer criança. Uma vez papai se virando para o Carlos Antonio, vindo para casa depois de uma consulta, disse antevendo o futuro: "se Deus quiser, um dia você vai ser um médico". E comentava conosco que o pai de Dr. João Izidro era um homem de poucos recursos mas se empenhou em custear seus estudos e teve como resultado este bom homem, um grande médico. 
Eu estudava no Colégio Nossa Senhora de Lourdes e lá conheci sua filha Vera  e não sei por que também me lembro de Dr. Izidro sempre passando a pé pela calçada da Rua Padre Rolim em busca da catedral, provavelmente indo pra casa.
Após a morte de sua esposa, Dr. Izidro foi para a cidade do Recife onde veio a falecer.
Ozeni Liduína Araújo de Oliveira


Um grande homem público cajazeirado: médico João Izidro.

 
João Izidro era um médico cajazeirado pediatra, clínico geral e apesar de sua altivez, era uma pessoa modesta. Nasceu em 08 de agosto de 1906, estudou em Fortaleza, mas veio a se formar na Faculdade de Medicina de Recife em 1937 vindo morar na cidade de São João do Rio do Peixe onde casou com sua amada Francisca Bernardo de Albuquerque - Dona Chiquinha - com quem teve os filhos Dr. Luís Carlos de Albuquerque e Dr. Carlos Alberto de Albuquerque, e, por adoção, a menina Vera. Ainda em São João do Rio do Peixe, Dr. João Izidro teve uma militância política que lhe causou dissabores e o motivou a se mudar para Cajazeiras.
Foi um dos baluartes do Hospital Regional de Cajazeiras, onde muito se dedicou como um dos grandes profissionais. prestando  atendimento aos cajazeirenses e sertanejos.
Além da Medicina atuou no campo político, foi candidato a vereador pela primeira vez em 1955, não logrando êxito. Como no pleito seguinte de 1963 não foi mais candidato apostava-se que ele teria se desencantando da política de uma vez por todas. Não sei o motivo, porém ele voltou a ser candidato em 1963, desta vez sendo vitorioso, sendo um dos mais atuantes da legislatura, ocupando a presidência da casa. Dr. João Izidro teve uma grande participação para a criação do curso de Medicina em Cajazeiras, além de participar ativamente do Abrigo de Idosos Lucas Zorn. Ainda no seu vasto currículo consta ainda a direção do Colégio Comercial Monsenhor Constantino Vieira. Faleceu aos 93 anos de idade no ano de 2.000 na cidade do Recife em 1906.
As informações são de Francisco Matias Rolim e de Irismar Gomes da Silva de sua obra Cajazeiras e Minhas Lembranças.

*O João Izidro, o médico espirituoso!*

Presidindo sessão na Câmara Municipal
de Cajazeiras
João Izidro, casado com Chiquinha, tia de Otacílio Cartaxo, secretário da Receita Federal, pai do amigo Carlos Alberto e do psiquiatra-escritor, Luis Carlos, era pediatra, clínico geral e sábio. Atendia famílias de todos os recantos dos fundões da Paraíba. Sua clientela incluía Luís Gomes, cidade do RN na fronteira com a PB, onde este escriba nasceu e de onde, do alto da serra, contemplava Uiraúna, terra de Luiza Erundina e do primo Zé Neumanne. João Izidro foi o médico de minha família e era padrinho de Boanerges, um dos meus irmãos.
Um dia, em Cajazeiras, sua cidade, atendeu a uma velhinha que se queixava de "incômodo em todo o corpo". Fez as perguntas tradicionais:
- A senhora tosse?
Dr. João Izidro
- Às vezes, sim, às vezes, não.
- A senhora tem dor de cabeça?
- Às vezes, sim, às vezes, não.
- A senhora sente febre?
- Às vezes, sim, às vezes, não.
Paciente, o médico botou os óculos e escreveu a receita:
- Pegue a receita, minha senhora. Pode ir, a senhora vai melhorar.
A velhinha pegou a receita e tascou a pergunta:
- Doutor, e esse remédio, hein, como é que eu tomo?
A resposta do João veio no mesmo tom da voz da velhinha:
- Tome o remédio às vezes, sim, às vezes, não. 



Por Gaudêncio Torquato